General
Etchegoyen: há o risco do crime organizado atuar como financiador nas campanhas
de 2018
A
presença do crime organizado na vida nacional é óbvia: há espaços em cidades
como o Rio de Janeiro em que o poder público não entra. E quem quiser ter
acesso à área, tem que pedir licença ao crime. Também é conhecido o esforço do
crime organizado para estar presença em funções de decisão no setor público, em
todos os três poderes. Mas a força do crime no setor político pode crescer
ainda mais em 2018, em razão das regras de financiamento eleitoral.
Aqui
cabe uma observação: de fato, o crime se mostrou muito presente na política,
através de grandes empreiteiras e frigoríficos, que se estruturaram como
verdadeiras corporações criminosas, financiando a maioria dos congressistas
ilegalmente. Mas, aqui, quando nos referimos a crime organizado estamos falando
das organizações clandestinas, que assaltam, matam, traficam. Verdadeiras
máfias.
A
possibilidade de um papel destacado dessas organizações mafiosas nas eleições
do próximo ano foi acentuada pelo general Sérgio Etchegoyen, ministro-chefe do
Gabinete de Segurança Institucional da Presidência da República. Antes dele, o
presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes, advertia para o risco de, nas
eleições, só o crime organizado ter dinheiro.
Tanto
Mendes quanto Etchegoyen estão chamando atenção para a mudança de regras, com a
introdução do financiamento público das campanhas. A previsão é que o dinheiro
seja escasso. Daí, a busca do dinheiro fácil pode levar muito candidato a ceder
aos “encantos” dos criminosos. Ou dos criminosos deixarem de lado os
intermediários e inventarem seus próprios candidatos, que terão o diferencial da
grana farta.
O
atrevimento do crime organizado ficou patente no ano passado, especialmente no
Rio de Janeiro, quando vários candidatos a vereador foram assassinados.
Descobriu-se que as mortes traduziam uma disputa eleitoral, sim. Mas revelavam
especialmente a disputa por domínio: qual facção tinha chance de eleger o
vereador de uma determinada área, implicando em força política e também no
controle dos negócios da droga, por exemplo.
O
alerta do general Etchegoyen é extremamente preocupante, sobretudo quando temos
um país que pede para ser passado a limpo. De repente, podemos ter uma campanha
em que o dinheiro sujo de sangue e envolvido com droga venha a ser o grande
financiador de candidaturas, com chances efetivas de eleger um bom punhado de
representantes populares.
Certamente
não é a limpeza que o Brasil espera.
Cidade
Verde
Nenhum comentário:
Postar um comentário