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O
maranhense filho de Pinheiro, José Sarney, é uma figura única no Brasil na
cumulação de poder. Terá, em outubro, o mais dramático embate de sua carreira
política no Maranhão. A eleição de Roseana contra Flávio Dino é tão decisiva
quanto foi para Sarney chegar, em 1985, à Presidência da República pelo caminho
travesso da história. Foi a única vez em que o presidente da República adoeceu
poucas horas antes da posse, é internado, operado e acaba morrendo, sem chance
de assumir. Tancredo Neves seria a esperança do Brasil, eleito numa engenharia
política – também única na história –, em que colocou como vice-presidente o
até então adversário José Sarney, apoiador do Regime Militar desde sua
instalação em 1964.
Apesar
da conjuntura política difícil, na qual era possível se ouvir ainda o barulho
da “ordem unida” nos quartéis, comandados pelo último general do regime já
desmilinguido, José Sarney, em situação emergencial, foi sacramentado
presidente, num ato até então imponderável. Daí então, o que era um político
tupiniquim, senador do Maranhão, estado de inexpressividade política no
contexto republicano, vestiu o jaquetão do poder, que extrapolou para todo o
Brasil e para o mundo.
Passado
mais de meio século, Sarney continua dando as cartas no Maranhão, em Brasília e
no Amapá. Mesmo com o peso dos 88 anos em abril próximo, Sarney não arredou o
pé da política. Quer porque quer retornar ao comando do Maranhão, achando que é
possível, na revanche, derrotar o comunista que já faz história no Brasil.
Pelas
urnas quebrou a espinha dorsal do grupo sarneísta em 2014. Portanto, não é
novidade para o Maranhão e para o Brasil que Sarney só tem uma chance de manter
o sarneísmo oligárquico: derrotando Flávio Dino, ou verá seu sistema virar
cinzas como ele fez com o vitorinismo há 53 anos. Por esse motivo, Sarney
continua mostrando força em Brasília. O episódio do veto ao deputado Pedro
Fernandes (PTB), um ex-aliado, para o Ministério do Trabalho, realçou a prática
que muitos acreditavam não estar mais em uso.
Embate do século
O
que parecia improvável vai acontecer em 2018. A eleição de governador do
Maranhão será histórica e única no Brasil. O embate principal se dará sob o
comando de José Sarney, contra o seu mais forte adversário: Flávio Dino (49
anos). É o embate maior e mais importante dos últimos 53 anos no Maranhão, cujo
desfecho terá relação direta com a conjuntura nacional, cujo presidente é do
partido de Sarney, contra o ‘comunista’, primeiro eleito pelo PCdoB, no comando
do Estado. Ele faz a política de largo alcance social, focada na pobreza,
educação de qualidade, infraestrutura, agricultura e na indústria.
Sarney
e seu grupo estão numa sinuca de bico. Quer eleger a filha governadora; o filho
Zequinha, senador; o aliado de todos momentos, Edison Lobão, para a segunda vaga
no Senado, e o outro, João Alberto, vice-governador, além do neto Adriano,
deputado estadual. Porém, é a primeira vez que Roseana é candidata pela
oposição. Zequinha Sarney também não sabe o que é fazer oposição a governo
porque toda sua trajetória foi governista. Lobão nem se fala. É lealdade plena
a Sarney e ao poder federal.
Desde
1994, quando disputou a primeira eleição de governador, Roseana Sarney só
perdeu em 2006 para Jackson Lago, que a derrotou apenas com o PDT, PPS e o
nanico PAN na coligação. Já a ex-governadora montou uma coligação com onze dos
principais partidos (PFL, PMDB, PTB, PP, PSC, PL, PV). No segundo turno, não
teve jeito, Jackson saiu de São Luís e Imperatriz – maiores colégios eleitorais
– com uma votação expressiva, batendo a adversária em quase todas as regiões.
O Imparcial
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